segunda-feira, dezembro 18, 2006

cartas de amor da avó




Passar uns dias em casa, com tempo, tem destas coisas. Arrumam-se caixas a mais caixas, desarruma-se tudo para voltar a organizar numa azáfama para enganar o tempo que passa lentamente.
No meio destas (des)arrumações encontrei as cartas de amor que a minha avó escrevia para o meu avô, que nunca conheci. Quando tentei conhecer a minha avó, conhecer, no sentido de pensar nela para além do grau de parentesco que nos unia, já era tarde. Quando pensei nela para além de uma velhota que nos oferecia bolos e se lamentava das dores que a idade lhe dava, ela adoeceu e passou anos num estado em que lhe restavam poucas forças para conversar e me conhecer melhor.
Todas as histórias que sei sobre ela, são contadas pela minha mãe e pelas minhas tias, que, à boa maneira familiar, têm tendência para contar histórias infindáveis, sempre com versões diferentes e muito ficcionadas...
Encontrar este tesouro, faz-me recordar a senhora que conhecia quando era pequena, e que, dizem, com quem me pareço muito.
A verdade, é que sempre que me comparavam com ela, ficava chateada, uma vez que sempre a entendi como uma pessoa que tinha as vontades confinadas aos mandamentos das irmãs, solteiras, que lhe educaram os filhos, incluindo a minha mãe. Há um peso na educação da minha família que é muito niveladora das vontades individuais, o que para mim, sempre foi motivo para ínumeras tempestades, em mim e com os outros.
Conhecer a minha avó pelas cartas pessoais, é uma outra pessoa que se desenha à minha frente, para além dos mitos sociais desinteressantes e aborrecidos.


gosto muito desta foto de família. Não faço ideia de quem sejam, a minha mãe fala numas irmãs que ficaram viúvas com os filhos...